quinta-feira, 7 de outubro de 2010

E o Brasil mostrou a sua cara.

Não, não vou falar sobre o Tiririca ter sido eleito. Quer dizer, falarei, mas sem fazer piadas, apenas constatando e sintetizando tudo que penso com essas eleições.

Sinceramente? Não estou surpreso. Nem um pouco, de verdade. Quem se surpreende ainda vive em um conto de fadas onde de uma hora para outra o nosso povo deixe de ser criança e passe a levar política a sério.

Acordem! O Brasil não é politizado e nem tem condições de ser.  Aqui existe a cultura ruminante: as pessoas só engolem algo quando está pré-digerido. Ninguém pensa por si próprio, ninguém forma uma opinião condizente com seus ideais, ninguém lê, nem mesmo a merda de um gibi qualquer. Entretanto, até os que leem são falsos cognatos de pessoas sãs. A maioria concorda com tudo o que vê por ser mais fácil; não questionam, não procuram outras fontes... Não tem ideia dos interesses por trás de qualquer revista ou jornal, por exemplo. São todos escravos do hábito. E que péssimo hábito esse disseminado por aqui, que diz que não somos bons o bastante para questionarmos o engravatado da telinha. É o famoso vício do “quem somos nós perto dele?”.

Somos uma massa de poeira com 200 milhões de grãos que só se movem quando o aspirador de pó é ligado. Aí pintamos nossas caras, vamos para a rua, até mesmo sem saber por que. Trabalhamos como cães e 1/3 desse trabalho é só para pagar o nosso Império Romano em tributos, os outros para pagar o colégio dos filhos, o plano de saúde, a o arame farpado no muro... E ninguém enxerga o absurdo que é gastarmos o que gastamos com o nosso queridíssimo e nefasto governo, para ele não nos dar educação, nem saúde, nem segurança. Pagamos duas vezes pelas mesmas coisas, isso quando podemos!

Somos um circo de horrores, também, onde a acomodação tradicional, os preconceitos velados e a bitolagem intelectual, são patrocinadores oficiais do espetáculo. Não nos levamos a sério porque sabemos que não é possível. Como levar a sério uma sociedade que prefere uma piada no Congresso a um hospital? Como levar a sério essas pessoas que votam em ídolos esportistas para um cargo que eles não fazem ideia de como funcionam, apenas por serem ídolos do esporte? Como levar a sério uma nação inteira que é transportada como gado em metrôs, trens e ônibus, mas que acreditam que a solução é comprar um carro? Como nos levar a sério se somos fruto de uma bela piada de português que foi nossa independência? Como levar a sério um país que celebra aniversário no ano em que começou a ser estuprado? Como levar a sério uma República fruto de um golpe militar? Como nos levar a sério se não percebemos nada disso em nosso cotidiano particular?

Quando era mais novo eu costumava chorar pelos erros dos meus irmãos brasileiros, pela falha que a maioria deles tem de compreensão dos fatos. Desisti e passei a rir dessa paródia de democracia que testemunhamos bienalmente. Hoje não rio mais. A graça acabou junto com a esperança. Fé? Nada mais vazio e desesperador do que tal sentimento, ainda mais relacionado a pessoas de carne e osso e suas decisões pré-fabricadas e sem direção. 

Mas relaxem! Pior não fica.

domingo, 3 de outubro de 2010

Vamos falar de música. [2]


Devido ao grande sucesso do último post sobre esse assunto (15 comentários! Uau!), venho mais uma vez tentar falar de música. Até porque a vida também é uma tremenda babaquice e merecemos, e devemos, ter um tempinho para devaneios inúteis.

O tema de hoje fala de um assunto que passa despercebido por todo mundo, mas se pararmos para pensar (esqueceu o que é isso, gênio?) fará todo o sentido. O que aconteceu com a música brasileira? Morreu ou simplesmente está regredindo?
Os anos 80 (vamos ser mais recentes) são conhecidos como a “década perdida”, tanto para a música, quanto para economia. Mas por incrível que pareça nessa época a música brasileira progrediu e mostrou que nem tudo estava perdido. Sei que devem estar pensando nos Menudos e no Trem da Alegria, mas estou falando do Aborto Elétrico, Paralamas do Sucesso, Titãs, Sepultura, Cássia Eller... A maioria do rock, mas algumas com grande influência da música latina e brasileira principalmente.
Daí pra frente foi melhorando, nos anos 90 chegou o Manguebeat (Mangue Bit, abrasileirando) com Chico Science & Nação Zumbi e o Mundo Livre S/A, que trouxeram a música regional para um outro level, tiraram das festas locais e levaram pro Brasil todo. Outras bandas como Charlie Brown Jr., O Rappa, Planet Hemp e Raimundos (essa, pra mim, a última grande banda de rock brasileira), fecharam a grande cena brasileira, deixando algumas sementes não tão boas assim, como o Detonautas Rock Clube. No começo dos anos 2000 parece que jogaram merda no ventilador de vez, MPB passou a significar uns cariocas que cantam bem e fazem música sobre o homem aranha e um monte de lésbica dizendo que rosas podem ser vermelhas, mas sempre são rosas. (?)

A cena brasileira passou a ser um grande puxa-saquismo e a famosa música que contestava o sistema, morreu. Ficaram todos bonzinhos demais, todos muito politicamente corretos. Todos uns tremendos babacas! A MPB ficou clichê, o samba virou pagode de corno, o sertanejo agora não é mais rural, é universitário (o que? Todos eles já terminaram a faculdade ou nunca fizeram!) e o rock, coitado, virou um grande circo de macacos de imitação. O que faz sucesso lá fora, faz aqui depois de 6 meses, foi assim com o emo e está sendo assim com os coloridos.
Vocês devem estar pensando, “Os tempos eram outros, ditadura nos anos 80, o Collor nos 90...”
FILHOS DA PUTA! MENSALÃO? CAIXA DOIS? DESMATAMENTO? AQUECIMENTO GLOBAL? HEIN?? HEEEEIN?? ALGUÉÉÉM? POR FAVOR!
Isso são somente exemplos, tem muita mais merda acontecendo e me aparece um monte de mongolóide cantando sobre shopping?! Sobre a dúvida de um beijo?! Sobre Ximbalaiê?! Mas que porra é Ximbalaiê?! Vamos falar de música, porra! Vamos falar de tudo nas músicas, porra! Vamos lembrar que música não é só pegação, amor e...pegação! Música é um dos melhores meios pra expressar sua raiva, sua indignação, suas dúvidas (fala ai Rick Martin!) e suas idéias! PENSA E SE EXPRESSA, MACACADA!

Pois bem, vou terminando por aqui deixando um recadinho pro pessoal que comentou no último post, sobre gosto musical e pra todos, por que não? Inteligentes e pseudo-moralistas do Brasil, em momento nenhum do último texto critiquei o tipo de música, releiam se quiserem, também acho que cada um ouve o que quer, quem pensa diferente ou insiste em afirmar é um tremendo babaca. Cada um tem seu gosto, mas é que nem cu, né? Tanto bate até que fura!
Fui!