quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Carlos; O médium (pff)

Uma historinha bacana e, por incrível que parece, com um final feliz para os que adoram ver pessoas idiotas quebrarem a cara.

Tudo começa com James Randi, um famoso mágico - e cético - que já ofereceu um milhão de dólares para que alguém prove a ele que é um paranormal de verdade há uns 12 anos atrás e até agora nada.

Randi é muito famoso por ter desmascarado diversos charlatães que viviam enganando e tirando dinheiro, em sua maioria, de pessoas idiotas. Óbvio que conseguiam muito dinheiro, pois há pessoas idiotas em abundância no mundo.
Um dos falsetas cara-de-pau (dane-se a reforma) era o notável, e muito mongolóide, "Homem do 'Rá'", que gritava "Rá" e fazia luzes aparecerem "do nada" (quantas aspas). Por si só, qualquer um que acreditasse numa merda dessas deveria ser colocado em uma camisa de força.

Pois bem, em 1988 apareceu um rapaz chamado Carlos, que era um médium e incorporava um espírito antigo da Venezuela que tinha por volta de  dois mil anos de idade. A notícia, veiculada pelo 60 minutes - Australia, dizia que Carlos iria para a Austrália em breve e começou a mostrar vídeos de apresentações dele - na verdade era uma só - nos EUA, em uma famosa casa de shows, comentários de pessoas que teriam consultado o médium... enfim, aquela pomba-girice típica.

A notícia fez um estardalhaço em todo o país. Vários jornais publicavam matérias sobre o médium e explicavam como ele fazia para receber o espírito: Ele se concentrava, havia um enfermeiro ao lado dele, então sua pulsação "parava" (puta merda!) e isso era constatado pelo enfermeiro. Após isso, o coração voltava a bater e quem estava lá era o espírito geriátrico sabe tudo.

Carlos foi convidado para vários programas, em um deles, ao receber perguntas céticas de um apresentador Australiano renomado, jogou um copo d'água no rosto do mesmo e se retirou do palco. Além disso, ainda tinha uma loja vendendo as lágrimas do médium (vermelhas) que curavam quase tudo, cristais de Atlântida, um livro com ditos profundos onde você só poderia ir para a próxima página se entendesse a atual e outros artigos tão verdadeiros quanto o santo sudário.

A sua apresentação tinha entrada franca e foi um grande sucesso por lá. Enfermeiro, coração parando, voltando, espírito da era Glacial... um belo thriller.

Por último, Carlos apareceu no Sixty minutes - Australia. Depois de entrevistado, o programa anunciou que Carlos era uma farsa montada entre o programa e James Randi para mostrar o quanto as pessoas acreditam em besteiras sem nem ao menos duvidar de nada sobre o que está sendo mostrado - isso inclui a mídia inteira que não pesquisou a fundo o passado e tudo que foi dito a respeito de Carlos. O médium era na verdade José Alvarez, um artista performático de Nova Iorque e aluno de James Randi.

O vídeo da "Apresentação" nos EUA, na verdade, tinha um pouco tempo de duração e foi gravado durante o show da dupla de mágicos Penn & Teller que pediu para que todos fizessem silêncio para o rapaz e o aplaudissem quando ele terminasse. A plateia atendeu o pedido e ninguém questionou a veracidade da apresentação.

O livro vendido foi escrito pelo próprio James Randi em pouco mais de uma hora em seu computador e era muito complicado de se terminar, o que fazia com que todos aceitassem o que estava escrito para pular logo para a página seguinte.

Depois da revelação, a maior parte da mídia ficou indignada com a piada de James Randi
e o programa Sixty minutes, outros admitiram o erro e os poucos que não deram atenção ao médium celebravam a sua esperteza diante dos outros.

Vocês agora devem estar se perguntando: Tá, mas pra que essa história aqui??

Simples, meus caros argonautas de calcinhas de lã. Vivemos em um país onde qualquer debilóide que se diz médium, ou Cristo (não estou especificando a época), ou que existe um fantasma que corta as pessoas dentro de casa, ou que o Edifício Joelma tem almas penadas, ou que tal chá cura o câncer, é geralmente respeitado e tratado com zelo porque "ãããã religião não se discute ãããa~fasdfafga ããããããã é fé, não dá pra argumentar ããsd~dfaeg". Ninguém tem coragem de tentar dissolver a máscara de muitos safados (alguns não são safados, realmente acreditam naquilo que falam) que utilizam o desespero das pessoas para ganhar dinheiro em nome de um deus, ou de uma cura milagrosa, ou de uma habilidade extrassensorial apresentada no programa da Eliana.

Um dia poderá aparecer um Carlos no mar da política, cheio de carisma, cheio de seguidores. E ele terá um discurso nacionalista, preconceituoso, empolgante e cheio de interesses danosos.

Ter fé cega não é nenhuma virtude, mas sim fraqueza.



OBS: A história é contada com detalhes no livro escrito por Carls Sagan em 1999 "O mundo assombrado pelos demônios". Nele a história é contada detalhadamente, por volta da página 250. Recomendo a leitura, pois é uma bela obra que clama pela razão nos dias de hoje e continua muito atual apesar de ter mais de 10 anos.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Pêra, uva, kaiser, nicotina!

Você, fumante condenado, assim como meu parceiro de blog, está cansado de ouvir sobre os perigos do cigarro? Está cansado de saber que fumar vai diminuir sua vida? Não agüenta mais ter que sair dos lugares para poder fumar? Foda-se, o problema é seu.

Mentirinha, não vim aqui só pra alertar sobre um problema que todos conhecemos, mas de um que mesmo conhecendo, nós evitamos discutir para não ficarmos com fama de drogado, maconheiro ou militante do PV. Algumas pessoas podem dizer que maconha faz mal e que mata. Concordo, mas o cigarro também não? E o álcool? O cigarrinho de artista faz mais mal à sociedade do que à pessoa em si. Se a maconha mata, a culpa não é de suas substancias, mas sim de quem a vende. É sempre difícil comparar duas drogas. Não é pelo cigarro ser uma droga considerada legal que faça menos mal que a maconha. Ambas produzem efeitos adversos e distintos em seus usuários.

Não estou vindo aqui para defender o uso da maconha, mas sim para mostrar o quão hipócrita a maior parte da sociedade é. É claro que os meios de comunicação vão dizer ao máximo que a maconha (por exemplo) faz mal, mas por incrível que pareça, divulga o numero de mortes por culpa do álcool, mas não faz campanha contra o uso, simplesmente pede que se use com moderação. O álcool também é droga, mas ao contrario de outras, vai dar lucro pro sistema, enquanto a maconha, não.

Vamos imaginar, faça como a Xuxa sempre lhe pediu, liberte sua mente (falando nisso, essa mulher deve ter tomado muito chazinho mágico de cogumelo). Imagine se a maconha fosse liberada, ou haxixe, você, senhor politicamente correto e fumante, iria fumar uma planta desidratada ou mercúrio/chumbo/alcatrão/níquel/DDT/benzopireno/estireno/cádimo/polônio/butano/nicotina/fenol/naftalina e mais outras centenas de componentes que podem até matar um rato? Engraçado pensar como a mídia por mais que condene o uso do cigarro, não age com mais severidade para mostrar os maus que o mesmo causa. Nada contra os fumantes, não quero que pensem que estou dizendo para pararem de fumar, cada um se mata do jeito que quer. Só não fume perto de mim por muito tempo, irrita.




Para deixar claro antes de terminar, o uso da maconha sustenta algo muito maior que nós imaginamos, sustenta aquele engravatado lá em Brasília até o traficante que mandou o ladrãozinho roubar a sua mãe para poder se drogar. Mas meu sonho é que eu esteja vivo quando substâncias como essas sejam liberadas, tenho certeza que milhares de mascaras vão cair. Ou você realmente acha que os atores da Globo que fazem campanha contra o uso de drogas, fumam bolhas de sabão? Cheiram flores? Tudo bem, sua mãe nunca transou com o seu pai, foi o espírito santo, aquela pomba. Ou um anjo? Mas anjo não é assexuado?

Que seja, vou terminando por aqui, fui exercer meu direito de hipocrisia e irei acender meu narguilé. Beijos enfumaçados.

(Assunto bom, não é o último texto sobre o assunto, então não venham dar lição de moral nos comentários)