Quem quer ser um retardado?

Então... acabei não indo na passeata do Humor sem censura, acabei ficando doente e totalmente indisposto para aventuras e peripércias. Mas não vou falar sobre isso, apenas não sei como começar esse post.

Bom, quero falar sobre preconceito hoje, mas não uma análise repetitiva sobre tal assunto que já enjoou mais do que a música Stereo Love nas rádios. Enfim, quero dissertar (lindo verbo, a propósito) sobre um fenômeno um tanto quanto controverso e meio estúpido embutido no assunto: o preconceito de quem sofre preconceito.

Uma breve e simples explicação, para quem ficou um pouco perdido: Vou falar do preconceito que quem sofre preconceito tem, como por exemplo um negro homofóbico, ou um gay machista, ou uma mulher racista e afins.


É muitíssimo estranho existir um fenômeno tão paradoxal como esse, mas realmente existe. Sinceramente, isso mostra uma tremenda falta de inteligência, ou burrice, para os mais íntimos. Pensem bem, uma pessoa reclama que é previamente julgada por conta de sua aparência, por exemplo, mas ela, por sua vez, faz a mesma babaquice sem sentido com outra pessoa, a julgando pela sexualidade. O pior de tudo é que muitos não percebem o que fazem, o que assusta bastante. Parecem sonâmbulos sociais que se recusam a acordar quando o assunto são suas próprias atitudes.

O tempo passa e o liberalismo de cada época é completamente diferente. No século XIX, você dizer que um negro merece respeito mesmo sendo inferior a um branco não é nada conservador, na verdade é uma frase extremamente liberal, quase inadmissível, porém, caso você tenha uma opinião desse tipo hoje, obviamente é preconceito, já que sabemos que não há uma raça superior. Não, nem vocês são superiores, mórmons!

Entretanto, apesar da mutação do famoso (ou não muito famoso) "zeitgeist" liberal ocorrer naturalmente, ele demora um certo tempo até se formar e é exatamente isso que não entendo. Não entra nessa minha cabeça escrota como é possível uma pessoa sofrer preconceito, ser magoada com ele, humilhada, mas nutrir o mesmo pensamento em relação a outra por um longo período de tempo. Não sei, às vezes parece uma espécie de esporte onde um acaba aceitando, às vezes involuntariamente, o preconceito para sí, mas quer mostrar que há um outro grupo inferior a ele. Como as pessoas não entendem que esses outros seres humanos passam pelo mesmo sofrimento? Por que ao invés de segregarem uns aos outros, eles não possuem compaixão e lutam juntos contra o racismo, a homofobia, o sexismo? Por que as pessoas não são minimamente racionais?

Porra, pessoinhas com visão periférica igual a do Ray Charles, que cocôs são esses dentro de seus crânios? O que mais vocês precisam fazer para perceberem a merda que estão fazendo? Dar um beijo grego em sí mesmo?

Em uma analogia simples, seria mais ou menos como se os micos-leões-dourados começassem a caçar onças-pintadas para elas ficarem mais ameaçadas de extinção do que eles. É uma guerra não contra o preconceito, mas sim para ver quem sofrerá mais com ele. Esse tipo de gente não quer que a discriminação acabe, só não quer ser alvo dela. Muito mesquinho, egoísta e... babaca, babaca de verdade, não há definição melhor, sinto muito.

Então, sempre quando vocês virem um gay dizendo que as mulheres nunca fizeram nada pela humanidade exceto começar a guerra entre Atenas e Tróia, ou um negro falando o quanto os homossexuais são anormais, ou, quem sabe, uma mulher dizendo que todo negro é sujo,  riam, dêem uma patada na boca desse ser, pegue um quadro negro e desenhem  algo explicando o quão idiota, imbecil, retardada, maníaca, burra e islâmica essa pessoa está sendo.

Bom, mentira, não batam, apenas tenham em mente tudo isso que eu falei, depois respirem fundo e sigam seus caminhos exotéricos, etc e tal. Mas jamais participem dessa competição, ela é menos saudável do que o campeonato de sauna da Finlândia.

Só pra encerrar, a foto realmente não tem muito a ver com o assunto, só estava sem imaginação.