Onze de setembro passou e, como de costume, o sensacionalismo e as hipocrisias midiáticas foram exploradas até o último segundo do dia. Foram uns 15 especiais na Tv fechada durante o fim de semana, uns 6 na Tv aberta e milhares de tentativas de piada no twitter (fracassadas, como de costume) sobre os dez aninhos da demolição do centro de comércio mundial. Pelo nome do local, até pareceu ser uma boa ideia, mas não foi.
Entretanto, o que muitos não sabem, é que no mesmo dia completava-se trinta e oito (38, para os dislexos... ou seria melhor colocar 83??) anos do golpe militar no Chile que colocou Augusto Pinochet no poder. Ele talvez tenha sido o maior genocida da América Latina e um dos maiores do mundo, fazendo parte do grupo que conta com Hitler, Stalin, Franco, Slobodan Milosevic e Deus.
"O que isso tem a ver?" muitos perguntarão. O que tem haver é que em 11 de setembro de 1973, os EUA apoiaram Pinochet no golpe de Estado, deram suporte à Ditadura chilena e ajudou a destruir Salvador Allende, presidente que se matou na época. Isso tudo porque Allende estava implementando políticas sociais muito fortes e cortando a mamata de algumas empresas norte-americanas no país. O medo norte-americano de que essa política se espalhasse no continente foi o que motivou o apoio dos EUA.
Os EUA também deram suporte à Ditadura militar no Brasil e várias outras na América Latina. O país que defende a Liberdade e a Democracia que foram "atacadas" há 10 anos atrás, segundo o Governo estadunidense. Ou seja, eles querem liberdade para eles, democracia para eles. E quando digo liberdade eu quero dizer "fazer o que quisermos com qualquer um e foda-se!". Sustentar ditaduras faz parte do jogo, desde que seja longe de Washington. Talvez em New Orleans eles deixassem, já que deixaram pessoas morrerem de fome e afogadas durante o Katrina.
Estou dizendo que os atentados terroristas são justificáveis? Não, especialmente quando se ataca pessoas inocentes. Caso tivessem enfiado cinco aviões na Casa Branca sem nenhum passageiros e com George Bush dentro dela, eu diria que foi justificável e até bom para os EUA, que teriam se livrado do pior presidente que já tiveram. O que estou tentando mostrar aqui é que, tirando os indivíduos mortos e suas famílias, não há vítimas na questão. Os EUA não são uma linda loirinha de 20 anos, virgem e que cuida de idosos voluntariamente que foi estuprada violentamente por muçulmanos marrons e fedorentos. Eles já financiariam muitas mortes, patrocinaram diversos atentados e apoiaram massacres em prol dos seus próprios interesses como qualquer potência faz. A Inglaterra já fez, a Espanha também, a França, a Alemanha...
Portanto, antes de frases feitas e orações estúpidas (qualquer oração é estúpida, na verdade) para que os Estados Unidos da América tenha forças, ou desejos de boa sorte, lembrem do 11 de setembro chileno, do 31 de março brasileiro, do 06 de agosto de Hiroshima.
Vocês acham que o governo e as empresas americanas odiaram o que aconteceu?? Claro que não! Mais uma chance de colocar medo na população e garantir uma eleição, mais oportunidades para as indústrias bélicas lucrarem muito mais destruindo cidades como Bagdá (o que o Iraque tinha a ver com os atentados mesmo?), mais uma oportunidade para construtoras reconstruírem as cidades que foram destruídas, mais empréstimos do FMI com juros absurdos ao país que foi explodido, mais dinheiro para firmas de segurança nos EUA, para vendedores de pára-quedas - que mostraram no 11 de setembro que eles são imprescindíveis no cotidiano do americano comum -, mais dinheiro para as empresas que fazem blindagem em automóveis, mais quartos do pânico sendo construídos, mais audiência baseada no sensacionalismo!
É tudo lucro, é tudo uma festa! Um brinde ao fogo com taças cheias de sangue e meus pêsames às famílias dos sacrificados.
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